O desafio de preservar a fertilidade é ainda maior a partir dos 35 anos da mulher. A partir dessa idade, aumentam as chances de infertilidade devido à baixa qualidade dos óvulos, que se agrava com o passar do tempo . Dessa forma, o congelamento de óvulos tem sido uma alternativa às mulheres que desejam postergar a maternidade ou àquelas que necessitam cuidar da saúde em decorrência de doenças como câncer e por meio de tratamentos como radio e quimioterapia.
Um dos principais motivos de adiar a gestação, de acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Hitomi Nakagawa, são: o aumento das mulheres no mercado de trabalho, o desejo de estabilidade profissional e financeira, novos relacionamento e a ausência do parceiro ideal. Este último motivo vai de encontro ao resultado do estudo americano publicado pela Human Fertility, que aponta a prevenção como dos principais argumentos de quem congelou os óvulos.
Das 31 mulheres que participaram da pesquisa, 84% eram solteiras e congelaram os óvulos pela ausência do parceiro ideal. Elas afirmaram aos pesquisadores do Centro de Pesquisa em Reprodução Humana da Universidade de Montfort que queriam evitar o chamado “pânico dos pais” e entrar em um relacionamento somente com o objetivo de ter um filho.
Estudo – A reportagem com a íntegra da pesquisa, publicada na Crescer no dia 20 de novembro, revela que a principal motivação para congelar os óvulos é a falta de um parceiro. Outras disseram que possuem um, mas eles não querem se comprometer com a paternidade. Além disso, algumas argumentaram que o congelamento de óvulos poderia proporcionar mais tempo e aliviar a pressão da busca por um companheiro adequado. As mulheres também disseram que esperavam não precisar dos seus ovos congelados e ainda ter esperanças de conceber naturalmente com um futuro parceiro. Para a maioria, o processo foi emocionalmente difícil, já que fundamentalmente não queriam congelar seus óvulos.
Esclarecimentos – Nesse sentido, a presidente da SBRA afirma ainda que os especialistas em reprodução assistida devem esclarecer todas as dúvidas das pacientes antes de realizar o procedimento, a fim de apoiá-las. “é fundamental informar sobre os reais benefícios que a reprodução assistida pode alcançar em relação à mulher que deseja postergar a gestação e ter bebês com o seu material genético”, aponta. Por isso, elas devem ser informadas ainda jovens para usufruir da autonomia reprodutiva natural, da criopreservação eletiva ou preventiva de óvulos.
A SBRA orienta às mulheres a realizar o congelamento de óvulos, preferencialmente, até os 35 anos. É importante procurar um especialista para orientação embasada cientificamente em relação aos óvulos. Importante ressaltar que o congelamento de óvulos não garante o sucesso de gravidez. As chances de sucesso são variáveis e dependem da resposta ovariana aos estimulantes da ovulação, que refletem a reserva de óvulos, e, a qualidade deles, que está relacionada à idade da mulher. Por isso, para ter um bebê uma mulher com até 35 anos, pode necessitar de quatro a seis óvulos, enquanto outra em torno dos 40 anos só ter a possibilidade com 20 ou mais óvulos – justo na idade mais complicada de se atingir essa quantidade. Sem dúvida, fatores como histórico familiar de menopausa precoce, ambientais e hábitos de vida (como o tabagismo) estão também envolvidos nas taxas de sucesso. A avaliação da reserva folicular por ultrassom e a dosagem do hormônio anti-mülleriano (AMH) são parâmetros que auxiliam no prognóstico, mas a interpretação correta deve estar individualizada, por profissional capacitado, é fundamental para mitigar sofrimento desnecessário.
Por Deborah de Salles – Conversa Coletivo de Comunicação Criativa
Fonte: https://sbra.com.br/noticias/congelamento-de-ovulos-alternativa-para-quem-quer-adiar-a-maternidade/